Dr. Michael Laitman Para mudar o Mundo – Mude o Homem

Trump, Brexit, Terrorismo e o Elo Oculto que Os Liga

Os eventos e processos que agitam nosso planeta estão ligados tão profundamente que suas causas raiz convergem numa única razão.

Desde 2008, o mundo foi atingido por uma crise após a outra. Se você olhar para cada uma delas separadamente, pode pensar que nada conectada a crise financeira de 2008 com a Primavera Árabe de 2011, por exemplo, ou o aumento do terrorismo islâmico com o fluxo de migrantes que inunda a Europa e agora os EUA. Pode também pensar que a vitória de Donald J. Trump e o Brexit da Inglaterra estão desconexos ou que nenhum deles tem coisa alguma a ver com todos os processos que acabamos de descrever.

Foto: REUTERS/Darren Ornitz, Licença: N/A2016-12-06

Oficiais da Polícia da Cidade de Nova Iorque patrulham dentro do edifício da Torre Trump fortemente armados em Nova Iorque. Foto: REUTERS/Darren Ornitz

Certamente, ficar sóbrio nunca é fácil. Mas com sorte, maioria das pessoas já vêem, ou pelo menos sentem que as mudanças que hoje tomam lugar estão todas ligadas. A verdade, contudo, é ainda mais surpreendente que aquilo que a superfície revela. Os eventos e processo que agitam nosso planeta estão tão profundamente ligados que suas causas raiz convergem para uma única razão.

A Busca da Liberdade

Desde o começo dos tempos que a humanidade evoluiu através de várias fases. Com algumas flutuações e irregularidades, evoluímos da escravatura para o feudalismo (tendo nomes diferentes em lugares diferentes) e do feudalismo para o capitalismo.

Agora, com todas as indicações, estamos à beira de uma nova era. Como podemos já deduzir com o surgimento das forças reaccionárias e nacionalistas na Europa e nos EUA, o regime que herdará o capitalismo será uma forma fascista semelhante ao nazismo de governo totalitário.

Incidentalmente, o comunismo russo, na minha visão, não fez parte do fluxo geral da evolução humana sócio-económica uma vez que ele não surgiu da evolução natural da humanidade, mas foi imposto sobre a nação russa. Num sentido, eles saltaram o capitalismo e avançaram directamente para o regime totalitário, que chamaram de, quão irónico, “comunismo.”

O motor por trás de cada fase do desenvolvimento foi o desejo das pessoas pela liberdade e pela justiça. Quanto mais as pessoas sentiam que mereciam ser tratadas como seres humanos com dignidade, em vez de objectos, mais liberal era o sistema económico que elas estabeleciam. As pessoas sempre foram egocêntricas, mas em certo ponto da nossa evolução social, o ego se intensificou a nível tal que nossa noção de liberdade pessoal se transformou num sentimento de direito-pessoal. Começámos a sentir que merecíamos tudo, até explorar os outros, se pudéssemos fazê-lo sem nos impedirem. Assim começou o tempo em que vivemos – a era do egoísmo.

Foto: REUTERS/Lucy Nicholson, Licença: N/A2016-12-06

Pessoas navegam pelos seus celulares enquanto esperam em fila para comprar o novo iPhone 7 fora de uma loja Apple iStore em Los Angeles, Califórnia. Foto: REUTERS/Lucy Nicholson

Geração Eu, Eu, Eu

Na nossa era, a maioria da população mostra pelo menos vários sintomas de narcisismo patológico. Pelo mundo fora, as pessoas consagraram a riqueza como a única balança pela qual medir o valor das pessoas. As pessoas fixam seu olhar nos seus smartphones esperando evitar o contacto visual com os estranhos. Pelo mundo fora, as pessoas estão solitárias e deprimidas.

A alienação está a separar as pessoas e comunidades até ao ponto do ódio e sectarismo. Nos EUA pós-eleição, por exemplo, as brechas dentro da sociedade americana se aprofundaram até ao ponto que, de acordo com o The New York Times, os eleitores de Clinton se recusaram a celebrar o Dia de Graças com familiares, até de primeiro grau, que votaram Trump.

Certamente, quando o liberalismo se torna sinónimo de divergência e separação e o neo-liberalismo se torna um eufemismo de capitalismo explorador, você sabe que uma mudança é iminente. Fomos tão longe quanto o ego nos pode levar. Daqui em diante, devemos ora achar um novo modo de nos desenvolvermos, ou corremos pelo monte a baixo sem travões.

O Sistema de Duas Forças da Natureza

Apesar da imagem apocalíptica acabada de descrever, não demos de descer monte a baixo; não há lei que o ordene. Há um caminho que tem esperado o tempo todo para olharmos na sua direcção. Enquanto acreditámos que o caminho do ego nos podia levar para onde queríamos, não tínhamos razão para olhar para outro lugar. Agora as coisas mudaram, outro caminho está a emergir da neblina.

Se olharmos cuidadosamente para a natureza, vamos descobrir que nos podemos satisfazer usando um paradigma completamente diferente – um que não induz sua própria morte, mas garante nossa perpetuação e prosperidade. Com a excepção dos humanos, toda a realidade é impulsionada pela interacção equilibrada entre duas forças – positiva e negativa. Estas forças se manifestam como dar e receber, conectar e desconectar, inalar e exalar, dia e noite e todos os outros opostos que se complementam um ao outro. Sem este equilíbrio, nosso universo não existiria e nem nós. Ao explorarmos os outros e procurarmos somente a auto-gratificação, usamos somente a força negativa, perdendo o enorme poder que conecta os átomos em moléculas, células em órgãos e seres humanos em sociedades. Se pudéssemos sintonizar-nos nas capacidades da força positiva, revelaríamos um novo mundo de interacções e possibilidades que não conseguimos sequer imaginar até que as descubramos na realidade.

Ainda melhor, quando entendermos a natureza da força positiva veremos que não precisamos de mudar uma única coisa nas nossas vidas em prol de descobri-la e trabalhar com ela. Tudo o que precisamos é expandir nossos limites. Em vez de nos percepcionarmos como seres humanos separados, lutando para ganhar nosso caminho pela vida totalmente sozinhos, podemos pensar-nos como parte de um sistema humano que é composto de pessoas que cuidam umas das outras como células cuidam do organismo que elas formam juntas. Tal como as células atendem umas às outras, fornecem umas às outras o oxigénio para respirar e os nutrientes para se alimentarem, uma sociedade de ser humanos conectados deste modo faria da vida de cada indivíduo dentro dela sem preocupações e alegre. Se um país inteiro funcionasse deste jeito, ele se tornaria um céu na Terra.

10.000 Pessoas Cuidando de Si

Numa coluna anterior, descrevi o imenso impacto de introduzir a força positiva na sociedade, até por uma breve sessão, provando que ela consegue criar amigos até nos mais amargos inimigos. Nesta secção, gostaria de elaborar sobre os benefícios desta força nas nossas vidas.

Na minha última coluna, dei o exemplo do modo como um rádio funciona em prol de sintonizar as frequências das estações que queremos escutar. Numa palavra, para sintonizar uma estação, temos de criar dentro do rádio a mesma frequência na qual a estação está a ser transmitida e então o rádio consegue apanhar essa frequência do meio ambiente e reproduzir o que quer que a estação esteja a tocar.

A força positiva é uma de conexão. É por isso que ela conecta todas as coisas, tal como partículas dentro de átomos, átomos dentro de moléculas, moléculas dentro de células e assim por diante. Quando só pensamos no modo “eu”, nos negamos dos benefícios do modo de pensamento “nós”. Os Círculos de Conexão apresentados nas ligações acima criam uma conexão especial entre as pessoas, que “ressoa” com a força positiva de conexão tal como uma frequência dentro de um rádio ressoa com uma frequência do exterior. Como resultado, a força positiva começa a influenciar os participantes. É por isso que eles se sentem subitamente conectados, até fazendo Judeus e Árabes se sentirem como parte de uma grande família.

Para sintonizarmos a força positiva, não precisamos de deixar de nos preocuparmos com nós próprios. Pelo contrário, precisamos de nos prolongar a nós mesmos e “incluir” os outros no nosso campo de visão, passo a expressão. Quando vemos a sociedade como uma extensão de nós mesmos e nós mesmos como partes da sociedade, nossa percepção da realidade se expande e engloba o inteiro meio ambiente. Quando esta mudança toma lugar numa comunidade, digamos de, 10.000 pessoas, subitamente você tem 10.000 pessoas a cuidarem do seu bem-estar. Cuidar da comunidade não exigiria esforço para si pois seria sua preocupação pelos outros em comparação a 10.000 outros a cuidarem de si.

A proporção entre os seus esforços pela sociedade em comparação com os esforços da sociedade por nós seriam tão esmagadores em favor da sociedade que ela literalmente nos libertaria de nos preocuparmos com nós próprios. Além do mais, libertaríamos tremendas quantidades de energia que no presente gastamos em nos protegermos dos danos físicos ou emocionais no trabalho, com conhecidos e até com nossa família e seríamos capazes de a usar como desejássemos. Finalmente seríamos capazes de realizar nosso completo potencial sem medo do fracasso ou sermos ridicularizados.

Numa sociedade que utiliza a força positiva, não há necessidade de trabalhar no sentido que o conhecemos. Até hoje, a automação e robótica conseguem fazer quase tudo por nós. Num futuro próximo, o trabalho humano se tornará um fardo para a produção eficiente. Isto nos libertará para nos envolvermos numa nova ocupação: gerar a força positiva.

Como com qualquer nova tecnologia, podemos esperar que as tecnologias desenhadas para “colher” a força da conexão melhorem quanto mais as usamos, minimizando nossos esforços para nos conectarmos e maximizando nossos benefícios disso. O tempo que vamos libertar com a “morte” do trabalho e o melhoramento das nossas técnicas de conexão serão usados para espalhar as tecnologias pelo mundo e para melhorar as aptidões pessoais e hobbies.

Com um sentido renovado de propósito na vida e uma visão expansiva da nossa existência a depressão vai desaparecer e todos os males relacionados a ela vão desaparecer. Naturalmente, o mesmo serve para a guerra e hostilidades; as pessoas não terão desejo de lutar quando se querem conectar.

No presente, o futuro da humanidade parece algo negro. Todavia, isso assim é para que descubramos que há outro caminho – um que conduz para novos horizontes que antes não conseguíamos imaginar, porém que são muito, muito reais.

Publicado originalmente no Haaretz

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