Dr. Michael Laitman Para mudar o Mundo – Mude o Homem

A Nova Economia Morreu; Longa Vida à Nova Economia

Durante décadas, a economia tem explorado a classe média, mas uma economia justa primeiro exige uma sociedade conectada.

Há alguns dias atrás, um artigo no prestigiado Harvard Business Review revelou que metade dos adultos na América pensam que há cinquenta anos atrás a vida era melhor que é hoje. O autor do artigo, o economista Dr. Marc Levinson, argumenta que as pessoas se sentem deste modo não por suas vidas serem materialmente mais difíceis hoje que elas eram há cinquenta anos atrás, mas porque nesse tempo, as pessoas tinham esperança. “As pessoas de um estrato amplo da sociedade viam que seus níveis de vida melhoravam de ano para ano,” escreve Levinson, “e esperavam o mesmo para seus filhos. Hoje … somente um americano em quatro antecipa que a próxima geração seja melhor que como os americanos agora se encontram.” Se uma sociedade não oferece esperança para o seu povo, essa sociedade não tem remédio.

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A Nova Economia Morreu; Longa Vida à Nova Economia Foto: Dreamstime

Há cinquenta anos atrás, a Nova Economia era o paradigma que reinava na América. Os economistas acreditavam que os impostos, gastos públicos e política monetária podiam manter a economia num percurso de baixo desemprego, inflação mínima e crescimento constante. Ela resultou durante um tempo. Mas desde há algumas décadas para cá que a Nova Economia é disfuncional. Gradualmente, os impostos foram cortados do porcento do topo e a política monetária foi substituída com feitiçaria financeira que finge ajudar a classe média e os pobres, mas na realidade está apoiada nas muletas da expansão ao imprimir dinheiro através de várias ferramentas financeiras. Se a inflação não está alta, isso é somente porque as pessoas não têm dinheiro para gastar, nem o desejo de irem às compras.

Pior ainda, se anteriormente as pessoas esperavam que seriam capazes de achar um emprego ao procurarem o suficiente, hoje elas desistem do mercado de trabalho por completo. Com as máquinas que se apoderam da mão de obra, as pessoas perdem a esperança de alguma vez manterem um emprego estável

Onde Está a Procura Genuína

Apesar destas negras previsões, há uma área onde a procura está a crescer, a procura de conexão humana positiva. Satisfazer as necessidades materiais garante nossa sobrevivência física. Porém, nossa felicidade depende inteiramente de termos conexões positivas com os outros. O professor de psicologia, Art Markman, concluiu num ensaio que publicou no Psychology Today, que “as interacções que temos com as outras pessoas afectam o modo como nos sentimos acerca da vida.”

Todavia, a humanidade avança na direcção oposta. Estamos a tornar-nos cada vez mais egocêntricos e exploradores, ou como a colunista Zoe Williams questionou, “De celebridades sedentas de atenção ao excesso de partilhas digitais à explosão na cirurgia cosmética, o comportamento narcisista está em todo o lado à nossa volta. Quão preocupados devíamos estar com nossa auto-obsessão crescente?”

Devíamos estar muito preocupados realmente. A auto-obsessão tem de longe sintomas piores que o “excesso de partilhas digitais.” Sob a censura rígida do politicamente correcto, a América se permitiu a se aproximar de um país de terceiro mundo, cuja classe alta contraída se torna mais rica a cada dia que passa e cuja classe média desliza pelas décimas de vencimento. Por que devem quarenta milhões de americanos viver de Cupões Refeição que se resumem a 120 dólares por mês, enquanto uma mão cheia se pode dar ao luxo de gastar o dobro numa única refeição num restaurante da moda? De facto, por que se deve alguém preocupar com se alimentar ou aos seus filhos quando metade de toda a produção alimentar dos EUA é jogada fora? Até se estiver entre os poucos que ainda acreditam que os pobres são preguiçosos e incompetentes, provavelmente não ficará surpreso quando se revoltarem contra o sistema que lhes negou a sua dignidade humana.

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Sociedade Conectada Foto: Dreamstime

Equilíbrio – Um Pré-Requisito Para a Boa Vida

Há uma boa razão pela qual as conexões humanas positivas são essenciais para nossa sobrevivência enquanto sociedade e até para nossa sobrevivência física. Toda a realidade é impulsionada pela interacção equilibrada entre duas forças – positiva e negativa. Estas forças se manifestam como dar e receber, conexão e desconexão. Elas se manifestam em todos os fenómenos naturais, tais como dia e noite, verão e inverno e todas as outras formas de mais e menos que compõem nosso mundo. Sem o equilíbrio adequado entre elas, nosso universo não seria como é e nossa existência não seria possível.

Talvez a melhor descrição que ouvi até à data do mecanismo pelo qual a natureza equilibra as forças positiva e negativa veio da bióloga evolucionaria, Profª Elisabeth Sahtouris. Em Novembro de 2005, fui convidado para falar numa conferência em Tóquio intitulada, “Criar uma Nova Civilização,” que foi organizada pela Fundação para a Paz Goi. Entre os oradores estava a Profª Sahtouris, que ofereceu uma descrição concisa, todavia exacta das interacções entre as forças que tornam a vida possível. “No seu corpo,” disse ela, “cada molécula, cada célula e o corpo inteiro, tem interesse pessoal.” Esta é a força negativa. Porém, “quando cada nível … demonstra seu interesse pessoal, ele força negociações entre os níveis. Este é o segredo da natureza. Cada momento, no seu corpo, estas negociações impulsionam o seu sistema para a harmonia.”

A descrição de Sahtouris é valida para todos os níveis da natureza – inanimado, vegetal e animal – com a excepção da humanidade. No que diz respeito às pessoas, a força negativa, que se manifesta no egoísmo, é o único governante. Escravidão, coação de todos os tipos, ganância e injustiça social são todas resultados do governo da força negativa, ou “auto-obsessão,” como Zoe Williams mencionou acima.

A menos que aprendamos como instalar a força positiva nas relações humanas e deste modo as transformarmos em conexões positivas, nossas melhores tentativas de justiça social estão destinadas a fracassar. Foi isto que transformou a bela ideia do liberalismo na maldição do neo-liberalismo. O Prof. sénior de Psicanálise, Paul Verhaeghe, colocou-o eloquentemente no seu ensaio, “O neo-liberalismo fez sair o pior que há em nós”: “A liberdade que percepcionamos que temos no Ocidente é a maior inverdade até este dia e era.”

Para restaurar o equilíbrio na sociedade humana e introduzir alguma sanidade no nosso mundo, devemos achar um modo de introduzir a força positiva, a qualidade de dar, nas relações humanas.

Viva a Nova “Nova Economia”

Uma vez que a natureza não nos dotou com a força positiva, devemos “produzi-la” nós mesmos. Ao assim fazermos, aprendemos como a natureza opera e seremos capazes de criar tanta força positiva quanto precisarmos.

O “método de produção” da força positiva é muito semelhante ao modo como os rádios nos permitem escutar estações específicas. À nossa volta, há milhares de ondas em várias frequências, mas o rádio “miraculosamente” só toca aquela que escolhermos. Todavia, não há milagres aqui; isto é ciência exacta. Os rádios reproduzem estações cujos comprimentos de onda eles criam dentro deles. Para achar uma estação, você precisa de criar o seu comprimento de onda específico dentro do rádio. Quando você procura estações, o rádio cria um raio de frequências procurando aquela que corresponda a uma frequência fora dele. Quando ele acha uma correspondência, o rádio reproduz o que quer que esteja a ser transmitido na frequência externa específica. É isso que definimos como “sintonizar” uma estação.

Similarmente, a força positiva existe bem à nossa volta. Mas para desfrutarmos dela, precisamos de desenvolver um “dispositivo” que a possa sintonizar e revelar para nós. Tal como o rádio, primeiro precisamos de criar a força positiva e então descobri-la. Quando “sintonizamos” esta força positiva, ela vai instar em nós o mesmo equilíbrio e harmonia que ela insta em toda a natureza. Tal como as ondas sonoras criadas a partir das ondas de rádio se propagam pela sala e influenciam qualquer um que as escute, equilíbrio e harmonia se vão espalhar pela sociedade assim que criemos a força positiva. Embora não percepcionemos as ondas de rádio, nós sentimos o seu impacto nos nossos ouvidos. Similarmente, embora não percepcionemos a força positiva, sentiremos o seu impacto nas nossas vidas assim que a sintonizemos através dos nossos “rádios.”

Construir “Sintonizadores” da Força Positiva

Para gerar a força positiva, você precisa de pessoas que estejam dispostas a se elevarem acima de sua alienação e aversão de umas pelas outras e que se unam. O Rei Salomão chamou a esta técnica, “O ódio incita ao conflito e o amor cobre todos os crimes” (Prov. 10:12).

Quando os membros do Movimento Arvut (responsabilidade mútua) – cujas ideias derivam do conceito de conexão humana descrito na sabedoria da Cabala – decidiram testar o princípio da “união acima da aversão” na prática, eles descobriram um método simples de deliberação chamado Círculos de Conexão, que resultou na perfeição. Um Circulo de Conexão é um modo de discussão no qual cada participante é igual e fala somente na sua vez, não interrompe outros oradores, acrescenta à conversa, mas não refuta as ideias dos outros participantes. Estas regras de deliberação criam tal conexão entre os participantes que eles se tornam sintonizadores da força positiva que existe à nossa volta.

Quando o movimento Arvut conduziu estes Círculos de Conexão com duas populações naturalmente hostis colocadas no mesmo circulo, os resultados excederam as expectativas de todos. Uma e outra vez, as pessoas provaram que quando se sentam num circulo como iguais e estão dispostas a se unir acima das suas diferenças, hostilidades, barreiras culturais e até barreiras linguísticas todas desaparecem. Como demonstram estes testemunhos (Em hebraico, certifique-se que tem a opção de Legendas activada), em vez da suspeita e desconfiança, calor e uma sensação de pertença engoliram os participantes passada apenas uma única sessão.

A força positiva criada no circulo demonstrada no vídeo, transformou os sentimentos dos participantes. Ela literalmente os inverteu da alienação para a conexão. Se tal instrumento fosse utilizado nos EUA, ele produziria força positiva suficiente para curar todo o problema social na América e serviria como modelo exemplar de equilíbrio social e harmonia para o resto do mundo.

Desbloquear Recursos Não Usados

Na presente sociedade americana, milhões de pessoas beneficiariam imediatamente dos Circulos de Conexão. Desempregados e pessoas que desistiram de achar um emprego são todas perfeitos candidatos para estes circulos. Em vez de permanecerem inativos, eles podem ser empregados como “produtores da força positiva” pelos mesmos benefícios que recebem de qualquer jeito. A transformação que experimentariam não só viraria suas vidas do avesso, mas aliviaria a pressão dos serviços sociais já sobrecarregados do país. Taxas de criminalidade cairiam significativamente e os conflitos domésticos se tornariam menos e menos frequentes. No final, tal plano custaria de longe menos que custa a atender na actualidade para os sem emprego, mas produziria de longe resultados melhores.

Mas isto é somente o começo. No seu site de transição, escreve o Presidente eleito Donald J. Trump: “Para fazer a América Grande de Novo para aproximadamente 70 milhões de estudantes, 20 milhões de estudantes do liceu e 150 milhões de estudantes-trabalhadores, a Administração Trump vai avançar com políticas que apoiem oportunidades de ensino remunerado nos níveis estatais e locais.” Se a nova Administração incluir um Circulo de Conexão diário de 45 minutos nestas políticas, ela vai produzir não só trabalhadores habilitados, mas também seres humanos felizes.

Quando as pessoas entenderem sua própria natureza e como trabalharem com ela para se beneficiarem e a suas comunidades, os resultados serão o surgimento de uma nova sociedade baseada na Nova Economia – a economia da conexão. Isto vai dispersar o fantasma do desemprego permanente, estabilizar a sociedade e vai pacificar tendências de instabilidade dentro dela. Abreviadamente, isso vai fazer a América grande de novo.

Publicado originalmente no Haaretz

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