Dr. Michael Laitman Para mudar o Mundo – Mude o Homem

Os Pilares do Consumismo Se Desmoronam

O que acontecerá quando os trabalhos e lojas desaparecerem? O que vamos comprar e como vamos comprá-lo? Com sorte, uma nova indústria vai fornecer tanto um rendimento como uma nova comodidade para consumir.

Mercearia vazia com um sinal de fechado na janela. (foto:INGIMAGE PHOTOS)

Os pilares do consumismo se desmoronam. Durante os passados vários meses, houve um deslizamento de lojas de venda a retalho de grande e médio tamanho que ora registaram sua falência ou anunciaram o fecho de centenas de lojas. Se este ritmo continuar, no final destes ano, mais de 8600 lojas de bricolage terão fechado suas portas. Em comparação, em 2008, no ponto mais alto da Grande Recessão, somente 6150 lojas foram encerradas.

Além do impacto do colapso sobre os próprios retalhistas, seu desaparecimento terá um efeito devastador nos centros comerciais onde se encontram localizados, pois estas são todas lojas âncora que trazem o comércio para o inteiro shopping. Em alguns casos, retalhistas tais como Macy’s e Sears (que também é dona da Kmart) vão fechar suas portas dentro do mesmo shopping, efectivamente causando o fechamento do espaço na totalidade.

A praga também cobra seu pedágio sobre os trabalhos. À medida que mais e mais pessoas se voltam para a Internet para fazerem suas compras, lojas e pessoas perdem os seus empregos. Segundo os números do Departamento do Trabalho, os retalhistas cortaram cerca de 30.000 lugares em Março. Esse foi o mesmo total como em Fevereiro, marcando os piores dois meses desde 2009.

O crescimento rápido do comércio electrónico pode ser óptimo para negócios online tais como a Amazon, mas o comércio electrónico não exige de perto, tantos empregos como as lojas de bricolage pedem. A conclusão triste é que no que diz respeito aos trabalhos tradicionais de retalhistas, nós estamos a ver o fim de uma era.

Estamos a Tornar-nos Irrelevantes?

Não só as lojas de retalho são afectadas pela tecnologia. As máquinas estão a substituir pessoas em todo o lado. Há dois milhões de condutores profissionais nos EUA. Onde trabalharão eles de 10 a 15 para a frente, quando caminhões autónomos e ônibus se tornarem mais seguros de conduzir e mais baratos para operar que veículos conduzidos por humanos? O que farão todos os trabalhadores de call-center quando chatbots substituírem completamente as pessoas dentro de alguns anos? Criados, empregados, pessoas do ramo hoteleiro, até médicos e advogados, todos serão afectados pelos avanços na tecnologia.

O comentário de um leitor numa das histórias do jornal sobre a tendência captura a essência do nosso mundo em mudança: “Estas histórias fazem-me sentir irrelevante. Para onde vai a humanidade? Você entra num automóvel que se conduz a si mesmo, ele leva-o para o trabalho, mas um robô pegou o seu emprego. Com sorte, recebo Rendimento Básico do governo. Em qualquer dos casos, por que é que não vou para o shopping? Ah certo, o shopping fechou pois fazemos todas nossas compras online e drones entregam os produtos à nossa porta de casa, então até as pessoas das entregas desapareceram. De facto, não tenho razão para sair pela porta de casa. Não falo com uma pessoa real há meses! Em breve, todos nos tornaremos irrelevantes, redundantes!”

Introduzir o Rendimento Básico Universal

Em anos recentes, houve muito alvoroço à volta da ideia do Rendimento Básico Universal (RBU). RBU significa que toda a pessoa recebe uma soma fixa de dinheiro que a sustenta acima da linha da pobreza esteja você ou não empregado. Em muitos lugares do mundo, principalmente na Europa Ocidental e no Canada, já estão a ocorrer experimentos sobre o impacto e viabilidade do RBU.

A ideia do RBU está também a ganhar tração graças ao apoio vocalizado dos manda-chuvas do Silicon Valley. Elon Musk, por exemplo, disse, “Ele será necessário” e Mark Zuckerberg declarou, “Devemos explorar ideias como o rendimento básico universal.”

Um Novo Conjunto de Empretos e Indústrias – Ao Redor do Coração

Eu sou total e absolutamente contra a ideia do RBU. Se dermos às pessoas dinheiro de graça, isso vai devastar a sociedade e transformará muitos deles em bombas relógio. O incidente trágico que ocorreu em 5 de Junho em Orlando, em que um homem que havia acabado de ser despedido entrou no seu antigo local de trabalho com uma arma de fogo, assassinou cinco antigos colegas e então cometeu suicídio, nos devia ensinar a todos que isso pode acontecer a uma pessoa que não vê um futuro na sua frente.

A violência está já desenfreada e a crescer na nossa sociedade. Despachar milhões de pessoas com nada para fazer e sem compromissos conduzirá muitas delas para o abismo e todos sofreremos as consequências.

Na minha visão, o começo da era robótica é uma grande oportunidade para toda a humanidade. Uma vez que as máquinas assumirão nossos trabalhos físicos, ficaremos livres para desenvolver aquilo que o colunista do The New York Times, Thomas Friedman, chamou “um inteiro novo conjunto de empregos e indústrias ao redor do coração, ao redor de conectar pessoas com pessoas.”

Por outras palavras, as pessoas não serão desempregadas. Elas serão empregadas enquanto inovadoras de uma nova sociedade. Seu emprego será produzir uma sociedade cujos membros estejam conectados, preocupados e se sintam responsáveis uns pelos outros.

Hoje, as pessoas são admiradas pelas suas carreiras bem sucedidas. Todavia, amanhã as máquinas vão conduzir tudo. A competição pelos trabalhos será obsoleta; não haverão trabalhos pelos quais lutar. Portanto, o emprego dos nossos trabalhadores será introduzir novos valores na sociedade, onde as pessoas vão competir pelo reconhecimento enquanto contribuidores da sociedade.

A competição positiva vai mudar a inteira mentalidade da sociedade. Todos somos seres invejosos. Mas quando invejamos as pessoas pela sua capacidade de promoverem a sociedade em vez de se promoverem a si mesmas, nós mesmos nos tornamos elementos positivos na sociedade. Deste modo, toda a sociedade vai mudar de direcção do isolamento para a conexão.

Shoppings Transformados em Centros Comunitários

As indústrias do coração vão “fabricar” coesão social. As pessoas não receberão o RBU, mas salários, tal como fazem no mercado de trabalho de hoje. A única diferença será no produto que elas estão a fabricar.

Não há fim para aquilo que as pessoas conseguem fazer se elas quiserem beneficiar a sociedade. A criatividade será ilimitada e quanto mais a tecnologia avança, mais as pessoas serão capazes de se envolver em trabalhos pró-sociais e mais possibilidades para promover a sociedade se vão abrir.

As condições para criar a mudança estão já vêm a caminho. Segundo um relatório do Credit Suisse, entre 20 a 25% dos shoppings da nação vão fechar nos próximos cinco anos, uma vez que o comércio electrónico continua a afastar os consumidores das lojas retalhistas de bricolage.

Em vez de se tornarem zonas de fomentação do crime, tal como hoje acontece, eles podem ser facilmente transformados em centros para o treino no novo trabalho pró-social.

Segundo o vejo, toda a pessoa que se tornar desempregada não deve receber benefícios de desemprego, mas ser inscrita nesses treinos imediatamente e receber um salário tal com em qualquer outro emprego. Em vez de se sentar em casa se sentindo miserável, pessoas recentemente despedidas devem receber benefícios do estado dependendo da sua participação nos treinos pró-sociais. No final do treino, ou até durante, elas lançarão suas novas carreiras enquanto inovadores da nova sociedade.

A Tecnologia da Conexão

As tecnologias para nutrir atitudes pró-sociais em comunidades inteiras já existem. Eventos de Mesa Redonda e Circulos de Conexão são dois modos sobre os quais elaborei no meu livro Completando o Circulo: Um método empiricamente comprovado para encontrar a paz e harmonia na vida.

Eles ja foram testados numerosas vezes nos EUA, Europa do Leste e Oeste e Israel, todas estas com sucesso sonante. Quando implementados correctamente, estas tecnologias também promovem o entendimento de que é assim que a sociedade deve manter o advento da era do desemprego, o paradigma social vai se tornar uma necessidade.

Porém, graças às tecnologias online, esta mudança pode ser feita a custo mínimo. Além do mais, as despesas que serão poupadas quando presente atitude anti-social for invertida de longe pesar mais que o custo dos treinos os tornando lucrativos para os negócios dos investidores.

Quando uma comunidade se une, violência, crime e abuso de substâncias todas caem e a responsabilidade mútua, assistência mútua e amizade surgem. Isto liberta tremendas quantidades de recursos que seriam inversamente usados em patrulhamento e bem-estar dos trabalhadores para mitigarem as crises. Assim, até do ponto de vista mais capitalista, atitudes pró-sociais na comunidade compensam.

Quanto mais rápido os governos, ou estados, implementarem estes programas para os desempregados, maiores serão seus lucros, tanto social como financeiramente e maiores serão os benefícios de nossa inteira sociedade.

Publicado originalmente no The Jerusalem Post

Marcados com: , , ,
Publicado em Artigos, Notícias