Dr. Michael Laitman Para mudar o Mundo – Mude o Homem

Bernie Sanders e os 10.000 Palestinianos “Inocentes”

Da AFGE

O candidato democrata à presidência, Bernie Sanders, afirmou numaentrevista para o Daily News que no último conflito com os Palestinianos em Gaza (Escudo Protector), no verão de 2014, Israel matou “mais de 10.000 pessoas inocentes.” O facto é que até as mortes dos próprios Palestinianos não excedeu 2.300 e isto inclui activistas do Hamás, ou seja terroristas.

Contudo, as visões de Sr. Sanders, que fazem a fronteira para o Antissemitismo, não são nada de novo. Com apoiantes tais como o activista anti-Israel devoto, Noam Chomsky e um recorde de antissemitas apoiantes tais como o ministro Jesse Jackson quando ele fora candidato para a nomeação presidencial democrata, suas visões sobre o último conflito de Gaza não são surpresa para ninguém.

Ainda assim, isso faz-nos questionar como Sanders concluiu que a) 10.000 Palestinianos foram mortos no conflito e b) que estes Palestinianos eram “pessoas inocentes.” Por um lado ele afirma que os “ataques contra Gaza foram indiscriminados e imensas pessoas foram assassinadas que não deviam ter sido mortas.” “Por outro lado,” diz ele, “você tem uma situação em que o Hamás envia mísseis para Israel – um facto – e sabe de onde alguns desses mísseis vêm. Eles vêm de zonas habitadas; isso é um facto.” Então ele sabe que o Hamás dispara de dentro de áreas habitadas, todavia escolhe culpar Israel por disparar para essas áreas.

Se soar complicado, é porque é. A relação amor-ódio para Israel é algo que todo o Judeu sente e ela deriva da própria raiz da nossa nação.

Como escrevi em “Por Que As Pessoas Odeiam Judeus?,” desde a origem de nosso povo, que somos diferentes de todas as outras nações. Nosso povo foi formado não por afinidade biológica ou proximidade geográfica, mas por adesão a uma ideia.

Dois elementos formam a base de nosso povo: união e fraternidade. Nos tornámos uma nação no pé do Monte Sinai quando nos comprometemos a nos unir “como um homem com um coração” e permanecemos uma nação enquanto fomos capazes de cobrir nossos conflitos com um cobertor de união.

Para nos certificarmos, a natureza dos Judeus é tão egoísta como a de qualquer outra pessoa. Nós viemos de diferentes fundos e de diferentes nações e nos unimos debaixo da orientação de Abraão. Quando você olha para como conseguimos estabelecer nosso povo apesar de nossas diferentes origens, vai se aperceber que um princípio chave guiou o povo Judeu: “Ódio excita contendas e o amor cobre todas as transgressões” (Provérbios, 10:12). Por outras palavras, os antigos Hebreus não eram melhores que seus vizinhos, mas eles haviam achado um modo de cobrir seus egos com amor.

Foi por isso que nos tornámos uma nação somente quando concordámos ser “como um homem com um coração.” E quando tivemos sucesso, nos foi confiada uma tarefa: de sermos “uma luz para as nações,” para mostrar como todos se podem unir acima de seus egos.

União acima das diferenças não é simplesmente um slogan. Ela é a essência da nossa existência. Tudo no nosso mundo consiste de opostos que cooperam para formar um todo que funciona harmoniosamente. Tal como a expiração e inspiração, cada acção e cada matéria consiste de períodos de trabalho-repouso e dualidade do positivo-negativo que se complementam. Ao aprendermos como complementar o ego com união, nossos antepassados haviam achado a fórmula da vida, a “Teoria de Tudo.” Esta é a “luz” que eles foram instruídos a transmitir ao mundo.

Mas aproximadamente há 2000 anos atrás, perdemos nossa habilidade de cobrir nosso egoísmo com união e fraternidade. Carecendo do elemento que nos havia mantido como uma nação desde nossa origem, não conseguimos permanecer juntos e nos dispersámos para o exílio.

E porém, dentro de cada um de nós há uma memória indiscernível. Podemos não ser capazes de a definir, mas ela diz-nos que no núcleo, nós estamos todos unidos e devemos projectar essa união para o mundo.

Bernie Sanders sente-a, também. Ele está consciente não só do facto de que a união é soberana e que todos a devemos alcançar. No programa Prefeitura Presidencial Democrata da CNN  na Carolina do Sul. Sr. Sanders disse:

“Toda a grande religião no mundo… essencialmente se resume a ‘Não faças aos outros aquilo que não queres que te façam a ti.’ Aquilo em que acredito e no que acreditei minha vida inteira … que estamos todos juntos nisto. Isso não são apenas palavras. A verdade é que em certo nível quando dói para você, quando dói para seus filhos, a mim me dói! E quando dói para meus filhos, dói para você. Acredito que a natureza humana se trata de que todos nesta sala influenciam todos os outros em todos os tipos de maneiras que não conseguimos sequer compreender, está além do intelecto. É uma coisa espiritual, emocional. Então acredito que quando nós … dizemos que essa criança que está a morrer à fome é minha filha, penso que somos mais humanos que quando dizemos, ‘Olhe este mundo inteiro sou eu, eu preciso e mais e mais, não me importo com todos os outros.’ Essa é minha religião; é nisso em que acredito. E penso que a maioria das pessoas … compartilham essa crença – que estamos nisso juntos como seres humanos. …Então temos de trabalhar juntos e é disso que a minha espiritualidade se trata.”

Claramente, a “memória” da importância da união está muito activa em Sr. Sanders. Mas como explica isso sua alienação de Israel? A resposta é simples: Ele simplesmente não vê que Israel está a espalhar o espírito de união e fraternidade, então ele sente-se alienado dela. Ele pode exprimi-lo ao rejeitar as políticas e acções de Israel, mas por baixo disso reside a expectativa do estado de Israel ser “uma luz para as nações,” de espalhar união e fraternidade. Dizer que “essa criança que morre à fome é minha criança” nos torna mais humanos que quando dizemos, “Não me importo com todos os outros,” é tão próximo como dizer “Devemos cobrir nosso egoísmo com união e fraternidade e nos tornarmos “como um homem com um coração.”

Ser Anti-Israel não ajuda a causa de Sr. Sanders. Isso não trará união e fraternidade, nem tornará o mundo um lugar melhor. Porém, devemos usá-lo como um lembrete daquilo que os Judeus devem fazer neste mundo que é trazer união e fraternidade a toda a humanidade.

Não seremos capazes de fazer isto até cobrirmos nossos crimes com amor e mostrarmos ao mundo um exemplo de como isto pode ser feito. Como disse Sanders, “todos … influenciam todos os outros em todos os tipos de maneiras que não conseguimos sequer compreender, está além do intelecto.” E quando influenciarmos gentileza uns aos outros, certamente somos mais humanos que quando influenciamos ódio, que lamentavelmente é aquilo que Sanders está a fazer para Israel neste momento.

Se queremos pôr um fim ao conflito do Oriente-Médio, nós os Judeus primeiro devemos pôr um fim aos nossos conflitos internos e nos unirmos acima deles. Nossa união reanimada se espalhará como ondas numa lagoa quando demonstrarmos como podemos verdadeiramente “Fazer aos outros aquilo que gostaríamos que fizessem a nós.”

Publicado originalmente no Jewish Journal

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