Dr. Michael Laitman Para mudar o Mundo – Mude o Homem

Alertar Para a Consciência Sobre a Violência de Gênero Não É Sequer Metade da Sua Cura

Recentes protestos em Israel, a publicidade de um movimento baseado na Argentina contra a violência de gênero, uma campanha de hashtag na África do Sul e um recente financiamento governamental para a pesquisa sobre violência de gênero no Canadá todos serviram para atrair a atenção global para a violência entre géneros.

Contudo, à parte de amplificar a vozz das suas vitimas e activistas, bem como salientar os seus custos financeiros, estas tentativas de lidar com a violência de gênero parecem ser meras soluções penso rápido, no máximo.

Isto assim é pois uma solução eficaz para a violência de gêneros requer definir e tratar o problema na sua raiz mais profunda: o ego inflado que está a inflar para fora da sua proporção.

Sem fazermos isso, podemos aumentar à vontade a consciência sobre o problema tanto quanto quisermos, mas infelizmente continuaremos a ver mais e mais explosões de violência de gênero no futuro.

Estatísticas para a Violência Doméstica Nacional.
National Coalition Against Domestic Violence (NCADV).

A Violência de Gênero Está a Sair do Armário, Mas Permanece Dentro do Quarto

Foi relatado que apenas nos Estados Unidos, em cada 9 segundos uma mulher é assaltada ou espancada. Em Israel, os assassinatos de 17 mulheres desde Janeiro até Junho de 2017 conduziram centenas de manifestantes a tomar as ruas para exigir acção governamental. O movimento argentino, Ni Una Menos (Nem Uma Menos), rapidamente se ramificou para os EUA, Alemanha, Itália, Brasil, Costa Rica e Equador e publicita histórias de vítimas da violência de gênero. Na África do Sul, o assassinato brutal de Karabo Mokoena em Maio de 2017 acendeu a discussão do #MenAreTrash e tornou-se viral.

Além do mais, no Canada, a expedição de um plano de $77.5 milhões para financiar um centro para a pesquisa e estratégia para a violência de gênero serve para iluminar o problema através dos seus custos financeiros. Isto é, a violência contra as mulheres canadenses em cenários conjugais intimos relata um custo anual de $4.8 biliões e os custos anuais de assaltos sexuais e ofensas contra mulheres estão perto dos $3.6 biliões.

Enquanto as vítimas que sobrevivem são empoderadas para sair do armário e discutir publicamente os seus encontros com a violência de gênero e embora os esforços para pesquisar o problema directamente sejam apoiados, estas estão longe de ser soluções.

O movimento paralelo de nós aplicarmos mais esforços para lidar com o problema, o aumento subsequente de casos de violência de gênero que veremos de ano eventualmente nos conduzirão ao ponto do desespero.

Ou, podemos começar a aprender sobre o fenómeno na sua base mais profunda e começarmos a ver o que precisamos de fazer sobre isso a partir de lá.

“Quando nos é permitido fazer o que nos apetece, todavia consumindo com regularidade exemplos de violência, vulgaridade e insensibilidade, então aumentamos a probabilidade de imitarmos estes exemplos.”

A Raiz Profunda da Violência de Gênero: O Ego Humano Inflado

Por trás de todo o acto violento, por trás de todo o estupro, por trás de todo o abuso paira um desejo crescente que exige constantemente a sua satisfação: o ego humano.

Quanto mais crescer este ego – e hoje alcança proporções infladas – menos empatia e consideração temos e mais queremos acalmar este potencial touro indomável dentro de nós a qualquer custo. O problema é que não está só nas nossas mãos acalmá-lo. Hoje, este ego existe numa sociedade moderna de estress, ansiedades e fardos que podem empurrá-la para a loucura a qualquer momento.

Algumas pessoas são naturalmente mais fleumáticas. Outras têm nervos fracos e podem estalar a qualquer momento. Mas à parte das características pessoais, quando somos criados numa sociedade que constantemente projecta exemplos de violênica, extremismo, polarização e incitação para nós desde uma jovem idade, então no momento em que o ego dentro de nós é provocado, ele tem todos os ingridientes para irromper imediatamente e deixar que a loucura subjugue qualquer limite de controle que pensavamos ter.

Nem sempre foi assim. No passado, o ego era menor. Quando penso na minha infância, recordo-me dessa atmosféra familiar plácida que era tão característica da estrutura familiar tradicional: meu pai sairia para o trabalho durante o dia e regressava cedo ao anoitecer, minha mãe tomava conta da casa e o lar era o centro da vida familiar. Assim era para a maioria das pessoas.

“Nossos exemplos de relacionamentos de família tradicional foram substituídos por exemplos afixados por empresas e criadores de mídia interessados nas suas classificações, cliques e lucros inversamente a promover bons exemplos para as pessoas imitarem nas suas vidas. Foi por isso que perdemos a direcção.”

Hoje, contudo, já não é o caso. Houve um grande declínio no número de estruturas familiares tradicionais. Mas além disso, até onde a estrutura familiar existe, o lar já não é o centro da vida familiar. Agora são as ruas, a TV, os filmes, os mídia, jogos de vídeo, o smartphone, o YouTube, Facebook e outras redes sociais. Nossos exemplos de relacionamentos de família tradicional foram substituídos por exemplos afixados por empresas e criadores de mídia interessados nas suas classificações, cliques e lucros inversamente a promover bons exemplos para as pessoas imitarem nas suas vidas. Foi por isso que perdemos a direcção.

Se fosse possível, ao nos desconectarmos dos exemplos de violência e outras formas desnaturais de relações humanas nos mídia que consumimos, já faríamos um grande melhoramento. Por outras palavras, até ao removermos a violência dos nossos hábitos de espectadores, rapidamente veríamos uma diminuição imensa da vioência, violação e abuso. Porém, a tendência pende para a direcção oposta, para uma abordagem ultra-liberalista onde cada pessoa se torna aparentemente livre de fazer aquilo que lhe apetece. Nós abrimos a caixa de pandora há muito tempo atrás com esta abordagem e está a tornar-se mais excessiva com cada dia que passa.

A Preparação e Aprendizagem Necessárias Para Solucionar a Violência de Gênero

Podemos alcançar a liberdade para a qual aspiramos, mas a liberdade requer preparação para que nos possamos relacionar eticamente aos fenómenos negativos como a violência de gênero, estupro e abuso. Quando nos é permitido fazer o que nos apetece, todavia consumindo com regularidade exemplos de violência, vulgaridade e insensibilidade, então aumentamos a probabilidade de imitarmos estes exemplos. Por outras palavras, em vez de deixarmos que esse touro indomável potencial – a natureza humana egoísta – nos controle, devemos aprender como domar esse touro para começar.

O processo de domar este touro, ou seja, assumir controle do ego humano, que deve idilicamente começar desde a nossa infância, precisa de ser composto de exemplos práticos de como as pessoas reciproca e positivamente se conectam: pais, amigos, meninos e meninas, homens e mulheres e todas as partes diferentes da sociedade. Precisamos de crescer aprendendo como nos relacionarmos a todos e como edificar activamente a nossa atitude para as pessoas e fenómenos nas nossas vidas. Além do mais, este aprendizado deve tomar lugar em grupos.

Os grupos, descobriremos nós, são a ferramenta mais eficaz para controlar quaisquer explosões do ego. Aprendendo tudo em conexão com os outros, nos sentiríamos muito mais próximos uns dos outros. Aprendizagem regular de grupo em círculos – nos nossos locais de trabalho, escolas, jardins infância, lares e nas nossas Tvs e na Internet – desenvolveriam uma nova sensação de entendimento recíproco, apoio, consciência e sensibilidade. Quanto mais nosso ego crescesse, mais discutiríamos, salientaríamos e alimentaríamos como nos elevarmos acima dele. Então, domando este touro interior, em vez de testemunharmos mais e mais casos de violência de gênero no futuro, seríamos inspirados pelas histórias de como as pessoas superaram seus egos e alcançaram um entendimento mútuo em tempos difíceis e desfrutaram da companhia umas das outras. Nosso bom futuro está nas nossas mãos.

Publicado originalmente no KABNET

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