Dr. Michael Laitman Para mudar o Mundo – Mude o Homem

Por Que Tishrei Significa Uma Nova Vida

Uma Agradável Sucá.

Uma Agradável Sucá. (foto:Courtesy)

O mês de Tishrei é muito especial. Ele é único entre o resto dos meses no sentido que ele retrata sucintamente o inteiro processo que a humanidade tem de atravessar pela sua história. Se revermos o mês de Tishrei e especificamente os dias sagrados dentro dele, faremos uma boa viagem ao processo que atravessamos aqui neste mundo.

Uma pessoa começa os feriados quando ela está farta da vida, quando ela sente que sua vida não vai para lado algum. O tempo passa mas ela nada faz de sentido com sua vida. Ela pode ter acumulado posses materiais, mantido um bom emprego e tem um alto estatuto social, mas a vida termina.

A realidade da morte nos faz questionar o propósito da vida. Afinal, se nada dura, então o que está a acontecer agora também é inútil. Se eu mantiver minhas palas e continuar a brincar por aí, o que será de mim?

Eu posso ignorá-lo, continuar a brincar e ser considerado bem sucedido, mas na verdade, estou a festejar no Titanic. O que podemos fazer? É realmente isto tudo aquilo que podemos procurar, viver e morrer como animais? Quando questionamos verdadeiramente nossa existência, é neste ponto que descobrimos a resposta: Há certamente uma vida diferente.

Nossas vidas são uma procissão e a secção em que agora estamos é somente uma fracção do todo da existência. E todavia, esta fracção é vitalmente importante pois dela podemos avançar para a próxima parte da vida, enquanto ainda estamos nesta vida.

Rosh ha’Shaná (Princípio do Ano) fala-nos precisamente sobre esta transformação: Rosh (cabeça) significa princípio, uma mudança. Ela é o princípio do ano, o princípio de uma nova vida.

Como fazemos esta mudança? Primeiro, nos arrependemos de nossa vida anterior, que era ainda pior que a de um animal. Ao contrário dos animais, que não têm livre arbítrio ou intelecto, nós esbanjamos a nossa. Usamos nosso intelecto, liberdade e singularidade para deliberadamente descer ao nível dos animais, que nos faz piores que eles. Pensemos no nível disponível somente aos humanos e vejamos o que podemos descobrir da natureza.

Nossos antepassados já descobriram este segredo. Foi por isso que eles se chamaram a si mesmos “Cabalistas” (receptores), uma vez que eles receberam da profundeza da natureza sua essência, plano, processo e mais importante, a meta que devemos alcançar e para a qual fomos criados.

Portanto, os Selichot (orações de penitência ditas no período que conduz às Grandes Festas) exprimem a tristeza que sentimos pela nossa abordagem animalesca para a vida. Todavia, os Selichot são também uma grande alegria pois eles marcam um ponto de viragem onde começamos a querer subir para um novo grau.

O passo que se segue aos Selichot é chamado Rosh ha’Shaná, da palavra Shinui (mudança). Isto marca o princípio de uma nova vida. É então que decidimos que queremos ser semelhantes à força geral da natureza, a força fundamental de dar e amor que, devido à sua natureza de doação, cria a vida e a sustenta como uma mãe que segura seu filho.

Precisamos de descobrir esta força pois este é o único modo de sabermos por que fomos feitos e como eventualmente chegamos a nos assemelhar a ela. Do mesmo modo que uma criança se quer assemelhar aos seus pais e os imita, nós devemos nos fazer semelhantes à força geral da natureza.

Chamamos a esta força “o Criador” ou “natureza,” uma vez que ela tem leis claras e absolutas. Podemos revelar algumas destas leis através da ciência, mas outras podemos revelar somente através da sabedoria da Cabala. O Cabalista, Rav Yehuda Ashlag, sucintamente descreveu a uniformidade da natureza com o Criador; “Podemos chamar às leis de Deus ‘as Mitsvot (mandamentos) da natureza,’ ou vice-versa, pois elas são uma e a mesma coisa” (“A Paz”).

Esta lei universal é a lei do amor pois ela não consegue ser de outro modo. Ela é a força que cria e sustenta toda a natureza, a força do amor e a força de dar. Mas nós, sucede-se, estamos na força da recepção.

É como uma mãe e seu bebé. O bebé quer somente receber dela e ela quer somente dar ao seu bebé. Mas no final, nosso problema é que queremos permanecer bebés e não queremos crescer.

Aqui reside nosso problema: Precisamos de entender que temos muito a perder pois se ascendermos até ao nível da natureza e nos tornarmos como aquela mãe, alcançando o nível de amor e doação, nos tornamos eternos e completos como a natureza. Além do mais, quando nos elevamos acima do nível material, até ao grau do espírito, isso não nos afecta quando nossos corpos venham a morrer pois já desenvolvemos o nível espiritual.

É isso que simboliza Rosh ha’Shaná: como assumimos a lei do desenvolvimento e nos esforçamos para nos assemelhar ao Criador, a força da doação.

Depois deste marco, começamos a calcular exactamente o que devemos fazer em prol de nos assemelharmos ao Criador. Neste ponto descobrimos que a natureza se trata inteiramente de dar, com 613 caminhos de doação, enquanto nossa própria natureza está inteiramente preocupada com receber, em 613 caminhos de recepção. Nossa tarefa é fazer nossa vontade como sua vontade, pelo qual faremos nossas qualidades semelhantes às suas. Por outras palavras, nos tornamos como ele. À medida que somos como o Criador vamos adquirir a força do amor.

Como alcançamos isso? Como podemos mudar nossa natureza para a semelhança com o Criador e termos a força de doação em vez da força de recepção? Isso é possível somente através de uma força que recebemos dele. Esta força é chamada “Luz Reformadora.” A luz reformadora “brilha” sobre nós e nos muda. Isso é simbolizado pela luz que vem através da Sechách (folhas de servem como telhado da Sucá). Quando nos sentamos na Sucá, metaforicamente recebemos esta luz.

Não é necessário levar a cabo esta recepção especificamente numa Sucá. Qualquer esforço de nos assemelharmos ao Criador em prol da mudança ocorrer em nós é considerado receber a luz reformadora. A Sucá só simboliza este processo.

Subsequentemente, transformamos nossos 613 desejos de receber, a inclinação do mal, em desejos de doar, a boa inclinação. Com isto atingimos conexão com o Criador através da luz reformadora. A luz reformadora e conhecida por nós pelo termo, “Torá,” como está escrito, “Eu criei a inclinação do mal, Eu criei para ela a Torá como tempero” (Maséchet Kidushin).

Subsequentemente, em Simchat Torá (Jubilar com a Torá), Israel (aqueles que almejam similaridade com o Criador), a Torá (luz reformadora) e o Criador (a força de doação) se tornam um.

Com isto completamos nossa transformação. Isto também conclui o mês de Tishrei, que simboliza o inteiro caminho desde a grande desilusão com a vida, que promoveu os Selichot, até à correcção completa e eterna que recebemos em Simchat Torá.

Publicado originalmente no The Jerusalem Post

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