Dr. Michael Laitman Para mudar o Mundo – Mude o Homem

A América de Trump pode ser boa para os judeus

Uma Judiaria Americana em Declínio

Judeus que protestam contra Trump podem reivindicar que sua resistência a esta mudança é na realidade uma defesa dos seus valores judaicos; porém, aquilo que devemos ver é que a judiaria americana estava prestes a desaparecer graças ao período de afluência, aceitação e igualdade que ela trouxe consigo a assimilação, casamentos mistos e baixas taxas de natalidade. As sondagens mostram um quadro muito negro da saúde da população judaica americana, como Jack Wertheim, Professor da História da Judiaria Americana, o coloca, com a rápida assimilação que varre todo o ramo do judaísmo com a excepção do ortodoxo. Seus laços a Israel também fraquejavam. Nas recentes eleições que trouxeram o inteiro sistema liberal a uma paragem, com a meta de virarem suas costas ao percurso destrutivo em termos de economia e absoluta instabilidade à qual o mundo chegou, mas também chocou a base da comunidade judaica que alegremente perdia sua identidade em troca do seu sucesso. Para os judeus, a eleição levantou o antigo conflito entre serem indivíduos bem sucedidos e um povo que permanece fiel às suas raízes.

A História se Repete

Durante a história os judeus têm passado pelo mesmo padrão, serem assimilados em parte para uma cultura estranha, seja a cultura grega dos dias dos Macabeus, aquela de Espanha antes da expulsão de Espanha, ou a Alemanha do século 20 antes da ascensão de Hitler. Nestes e muitos outros casos, nosso povo percebeu de maneiras terríveis que se tornar parte da manada recebeu sempre recompensa de grande surto de antissemitismo que os forçaria a regressar às suas identidades judaicas e à sua própria cultura.

Durante séculos os cabalistas sabem a razão desta terrível repercussão. Eles entenderam que os judeus, por muito divididos que possam parecer, na realidade guardam dentro deles uma antiga promessa para pavimentar o caminho para a união e paz de toda a humanidade.

Os judeus americanos que lutam com os resultados da eleição enfrentam agora este mesmo conflito histórico entre lutarem pelo seu lugar numa cultura estranha e procurarem novas respostas dentro de sua própria herança que possa verdadeiramente transformar a realidade. Eu os insto a não esperarem que os antissemitas os rotulem como judeus, mas em vez disso a saberem que são eles que seguram seu futuro nas suas próprias mãos, bem como o futuro da América e do mundo no geral. Não se trata de Trump ou Bannon, ou qualquer das repercussões que vemos como resultado desta eleição. A chave para a calma, paz e para os valores que eles desejam defender está dentro das nossas identidades judias e da conexão com o estado de Israel. Pois dentro do nosso povo está uma antiga sabedoria e capacidade de se tornar o exemplo dos relacionamentos que todos queremos ver nas sociedades modernas.

 O Clamor dos Nossos Sábios

No começo do século 20, Rabi Kook e Rabi Yehuda Ashlag (Baal HaSulam) tentaram em vão alertar os líderes das grandes comunidades judaicas da Europa do Leste dos terríveis resultados do seu exílio, tanto físico como espiritual. Meu professor, filho de Rabi Yehuda Ashlag, Rabi Baruch Ashlag, me falou dos tempos em que havia visitado o Primeiro Ministro Israelita David Ben Gurion junto com seu pai. Ele testemunhou as tentativas falhadas do seu pai de convencer o primeiro ministro da necessidade de unir as diferentes facções da sociedade israelita, que estava dividida até então e da importância de alcançar as relações correctas com nossos vizinhos árabes. Ele explicou que o método que permitiria que isto acontecesse existe bem fundo dentro da nação judaica, na autêntica sabedoria da Cabala; que essa é nossa única esperança para alcançar a paz entre nós e com o resto do mundo e com isso, nos tornarmos uma luz para as nações.

Infelizmente, Ben Gurion nunca aceitou estas recomendações como linhas orientadoras para seu caminho e sofremos os resultados até este dia.

Enquanto saímos da crise neo-liberalista, nos encontramos num mundo que procura uma cura para as suas profundas divisões e conflitos. Esta terrível necessidade a que chegou a humanidade não é coincidência; nem é coincidência que Israel e os judeus tenham estado sempre no centro de todos os infortúnios do mundo. A razão é que os judeus têm o poder para curar e prevenir todas estas crises ao modelar e transmitir a inclinação de ser “como um homem com um coração” e de “amar o seu próximo como a si mesmo” para o resto da humanidade pelo seu exemplo pessoal. Mas eles primeiro têm de descobrir esta verdade sobre eles mesmos. Os cabalistas tentaram explicar variadas vezes que é a falta deste entendimento que faz com que as nações do mundo continuem a exigir que os judeus mudem suas condutas, como está escrito, “Nenhuma calamidade vem ao mundo senão por Israel (Yevamot 63).  É esta a razão pelo aparente ódio infundado, que ironicamente, para sempre impede os judeus de fugirem do seu papel desconhecido.

Encontrados na Encruzilhada

O povo judeu nunca foi capaz de escapar à sua missão histórica. Paradoxalmente, foram os inimigos dos judeus que mantiveram o judaísmo vivo. Mas isso não tem de ser desse modo para sempre. Esta eleição trouxe a possibilidade da mudança de um caminho que podia parecer ser confortável por agora, mas eficientemente trazia os judeus americanos à extinção e o mundo ao caos absoluto. Nesta encruzilhada crítica, devemos quebrar o antigo padrão que faz sentido para a razão ocidental e liberal, mas é na realidade ilusório e prejudicial para a alma judaica. Ao se oporem a Trump, os judeus não se opõem ao racismo ou ódio, eles meramente tentam regressar a um sistema que lhes permitia as liberdades de fugirem do seu destino. Eles devem escolher se reconectar com Israel e ao seu verdadeiro destino de que lhes reserva a luz para as nações. Este é o único caminho que vai garantir que a presidência de Trump se afasta da extrema direita para o caminho do meio, se tornando uma oportunidade histórica para reformar as relações fracassadas e atitudes do passado, trazendo com ele a segurança, bem-estar e prosperidade para todos.

Publicado originalmente no The Jerusalem Post

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